De uma noite


São três horas da manhã e aqui há tormenta – restos de chuva que deixaste em mim. O sono veio e se foi marejado de pensamentos vindos de portos distantes, mas perto de ti. O silêncio é a minha voz e o arrependimento, meu trauma.
Eu poderia fazer como Clarice Lispector e gritar a minha consciência, liberar um pouco de choro com letras:
------- Cadê você? Meu coração procura-te no deserto, antiga cachoeira que secaste...
Todavia, aumentaria a sofreguidão. Prefiro apagar rastros de palavras tortas com uma borracha velha e olhar as estrelas, talvez mergulhar no azul infinito e de tudo esquecer. Ah, citei “estrelas”? Tolice minha. Eis que novamente aparecem-me as cincos pontas e, de repente, não mais que de repente, as cinco letras que detêm o teu nome. Por que é impossível apagar-te? Seria simples deletar-te de redes sociais e afins, mas arrancar algo e alguém cravado no âmago? Não, não é tão fácil assim.
O problema é que me vejo tropeçar nas palavras e gestos e jeito quando perto estás. O problema é que terei prova amanhã e você rompe os limites do adequado e faz-me como boba ficar. O problema é ter que esperar mais sete dias para ver-te. O problema é você me fazer chorar e sorrir e secar. O problema é você achar que sou flor sem ciclo – quando longe estás, eu morro. O problema é... é... é... Nem sei mais qual é, lembrei-me do teu sorriso agora e como numa epifania – de tudo esqueci, cresci, iluminada estou.

E sonhos invadiram a garota que a cada novo amor, como se primeiro fosse vivia. Ela disse como quase num lapso: “Boa noite, os olhos já fecham e estrelas pedem para serem vistas. Até amanhã, quer dizer, hoje.”
Bocejou.


Fonte da imagem: aqui, por Marina Faria.

Comentários

luis m disse…
obrigado pelo teu comentário, de facto aquela profissão não é a melhor do mundo de certeza (:
sara disse…
Muito obrigada Gabriela!
Beijinhos :)
Érica Ferro disse…
O problema foi que o amor aconteceu. Mas desde quando o amor é problema? Não, esse não é e nem foi o problema. O problema foi o desencontro dos dois corações, que consequentemente não originou um único amor. Talvez esse tenha sido o problema. O meu problema...
Não sei o teu...
Não sei de muita coisa.
Só sei que me faz bem te ler, Gabi. E é tão bonito as palavras que você dirige a mim. Aliás, todas as tuas palavras são lindas. Somos flores, não somos?
Somos sim!
=D

Um beijo, da menina que nada e que sente saudades.
Catarina disse…
Eu fartei-me de chorar no livro, e ainda agora me vem a historia ao pensamento fico logo com uma lagrimazinha ao canto do olho. Amei amei amei! E vou comprar o filme :D
João Lenjob disse…
Obrigado pela tão gentil visita e generoso comentario. Você foi no Castelo? Beijo!!

João Lenjob.

Suas Palavras
João Lenjob

Distribuo o amor
Vendo pelo melhor preço o sabor da emoção
E na promoção que faço de cada verso
E cobro somente um beijo e um abraço
Sorrio grato e saudado pela alegria
E você respira então minha poesia
Sente o perfume de cada estrofe e se delicia
Troca e corresponde na fineza
De suas palavras.
Anônimo disse…
Também sinto vontade de gritar, e isso é quase sempre.
Simplesmente tambem prefiro ouvir Alice, e não quero saber de mais nada...


um beijo flor de liz!
João Lenjob disse…
Obrigado pela gentileza da visita. Tenho andado tão apertado que pouco visitei blogs esta semana. Mais tarde atualizarei o meu, http://lenjob.blogspot.com, com mais cinco poemas e por gentileza não deixe de ir ao blog mais cultural do Brasil, o Castelo do Poeta, http://castelodopoeta.blogspot.com que tem um belo video de uma sambista brasileira na Itália e uma extraordinaria entrevista com a cantora Érika Machado. Se tiver facebook me adicione com este link, http://www.facebook.com/#!/profile.php?id=100001633062137.
Beijo!!!

João Lenjob

Abajur Desligado
João Lenjob

A tua luz é tão inerte
Pura, minha
Ela me ilumina eternamente
Me cativa suavemente
E nem preciso vê-la
Posso somente senti-la
Posso tê-la sempre
Como um abajur desligado
O teto apagado
E a noite tão escura
Não preciso de outra luz
Preciso somente de teu brilho
E tão precisamente do teu calor
Que me aquece em noites frias
Que me cobre em momentos sós
Como a intensidade de todas as cores
E o teu objeto de tantos amores
A tua presença como de todas as flores.
Mailson Furtado disse…
Grato demais pela sua visita em meu espaço, fico contente...

Bela postagem!!!

A visitarei mais vezes...
Camila Mancio. disse…
Nossa, maravilhoso, amei mesmo. <3
Jade Amorim disse…
Ah, o amor é um problema que todos nós adoramos ter não é verdade?
Não ter porque sofrer por causa disso, e não tente apagar, a não ser que ele te faça mais mal do que bem!

Beeijos!