Rio São Francisco


E, agora, ela estava ali... às margens do Rio São Francisco. O mesmo rio que levou as lágrimas de seus antepassados, lavava os seus pés e era cenário de seu renascimento.
Às vezes é necessário mergulhar e mergulhar-se em si mesmo, deixando submerso o que não faz mais sentido carregar. Muitas vezes é necessário nascer aqui dentro e recomeçar sonhos. Traçar novas diretrizes. Viver mais intensamente. Deixar o medo e a falta de coragem para trás. Entregar-se sem medo das correntezas que virão.
A menina que vivia para corresponder às expectativas da sociedade, de seus empregos demandantes, estava se enxergando. Ela notou que trabalhos são substituíveis; mas o corresponder-se, o amar-se, o cuidar-se: não e jamais serão.

Foto: aqui.

Comentários

Adriana Leandro disse…
Que texto incrível.
As vezes é preciso se libertar e deixar de carregar muitas coisas.
Bjus!

galerafashion.com
CÉU disse…
Olá, Gabriela!

Essa menina, que ainda é estudante, e é bastante perspicaz, escreve mto bem e raciocina ainda melhor.

De facto, a vida é um constante renascimento e renovação. Devemos agradar sobretudo a nós mesmas.

Respondendo à tua questão: escolhi o pseudónimo de CÉU para mim, e do céu, se existe, no sentido religioso, estou mesmo ausente. Não ligo para religiões.

Beijos e boa semana.
Inês disse…
Palavras bonitas e muito acertadas! :) Beijinhos
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Oi, Gabriela, boa tarde!!
Não sei se você é melhor poetisa, cronista ou contista. Há aquela história do cidadão que ficava provando de dois doces indefinidamente, para ‘decidir-se’ sobre qual o mais gostoso... Talvez precisemos ler indefinidamente seus textos, para nos ‘decidirmos’...rsrs
“Mergulhar-se em si mesmo” é tão... assustador, às vezes, moça. E penso que é porque sabemos que teremos que voltar do mergulho com o que não queríamos deixar nas águas, submerso, perdido. É tão difícil reconhecer algumas perdas! Isto seria ‘perdê-las’ também em nós, único lugar onde elas ainda habitam e são bem ‘reais’...
Penso que é preciso mesmo ter essa coragem que você descreve maravilhosamente bem, para nos entregarmos às correntezas que virão. As expectativas da sociedade nem abrem o sorriso em nosso rosto nem enxugam as lágrimas que choramos sozinhos. Somente nós e aqueles que nos amam conhecem nossos mergulhos. Muitas vezes, quem se apresenta como lago de serenidade, carrega sozinho dores insuportáveis, perdas ‘não perdidas’, porque precisa mergulhar... - mas se recusa a isso para sempre...
Um texto esplendoroso. Acho que você é melhor contista!!! Mas, quando eu ler a nova poesia...
Um abraço carinhoso
Ângelo Feinhardt, Fe
P.S. – Perdoe a nuvem cinza sobre meu comentário. Em São Paulo vai chover...
Mafê Probst disse…
" Ela notou que trabalhos são substituíveis; mas o corresponder-se, o amar-se, o cuidar-se: não e jamais serão."

Ai meu coração com esse texto.
Ai meu coração.
Filha do Rei disse…
Que texto verdadeiro! Precisamos mergulhar em nós e quando voltarmos à tona termos a coragem de fazer as mudanças necessárias.
Parabéns pelo teu cantinho. tenha uma semana abençoada. Bjs
Bárbara Paloma disse…
Seu texto me fez lembrar algo que ouvi uma pessoa dizer... "Quando nos perguntam o que somos, respondemos de imediato a profissão que temos"... Isso nos reduz a tao pouco! É triste. Precisamos olhar para dentro de nós mesmos para nós reconhecermos, para recordamos nossos amores, nossas paixões, nossos sonhos, nossos medos, nossas alegrias... Para recordar quem somos. E para sermos quem realmente somos.
Linda, e profunda reflexão!!

Abraço carinhoso!
Mergulhos são necessários para a menina ter maturidade de segurar sua vida em suas próprias mãos para evitar o roubo da subjetividade.
Seu texto maravilhoso escrito com a alma, para mim não existe outra forma de escrever sobre si.
Boa semana.Bjs.
CÉU disse…
Oi, Gabi, querida!

Tudo bem com você? Tenho estranhado você.
Dê notícias, tá? Fico no aguardo.

Beijos e tudo de bom pra você.