Querido John,

Sei que o tempo tornou-se inimigo inevitável para nós. Inimigo este que tentou pôr fim e tirar-nos a voz que aos corações preenchia. Sentir a tua falta já faz parte da minha dolorosa rotina, é como o acordar ou o levantar, mas ambos se assemelham mais às estrelas que vagam pelo céu iluminado: sozinhas nessa imensa escuridão, alimentando-se de esperanças. Escuridão é ficar longe de ti, principalmente quando sei que uma guerra te espera. Disse-te que o meu amor por ti era grande, só que já as certezas me abalam; pois o medo que me assola cresce e aumenta a cada lua-cheia, a esperança de ver-te se afasta e lágrimas invadem a minha face quando penso no que estou a fazer...
E serás amado por todos os dias, mesmo que essa efêmera vida tire-me da sua. Carrego uma luz que te envio, e remeto-te com tanto amor que não sei como cabe em mim. Tenho ciência de que estes olhos - que me sustentam e que são o combustível da minha vida, brevemente aparecer-me-ão outra vez e guardados serão nas minhas memórias. Sei que o amor não deve ser visto como o retrato que se apagou ou a chama que o vento murchou. O amor, sempre estará no presente, que escorre por minhas mãos e que passa mais rápido do que os meus pensamentos. Todavia este amor, este mesmo amor que começou num dia quente de verão com fé embalada e fácil riso, guardado sob sete chaves e aquecido com todo o calor que me alenta durante a gelidez; vivo manter-se-á no passado, pelo menos por agora.
Amo-te sem anseios, mas com todas as minhas forças. Amo-te estrondosamente e quietamente. Amo-te não podendo amar-te. Amo-te na luz e devo amar-te nas sombras. Amo-te, como poetizou Pablo Neruda, num modo em que não sou e nem és. Amo-te tão brevemente que me é recôndito a luz do olhar, do seu olhar que me cobre de fé e me faz viver. Amo-te não pertencendo a mim e esquecendo o que é existir. Amo simplesmente, amar você, amar você.
Perdoe-me, John. Tentarei enganar este meu coração que a tanto te pertence, dizendo que um término se pinta em nós. Peço para que contenha o pranto. Preciso viver e esquecer o que se fora, pelo menos por enquanto. Não, não te abandonarei. Apenas por estes meses que se fazem tão longos e infinitos diante a tua espera. As minhas certezas ainda estão em ti, não duvide. Se elas se ruíram por instantes, construirei muralhas para guardá-las e mantê-las seguras. Sei que posso cometer o maior dos meus erros, mas hoje este parece ser o meu certo.
Se aguentarei viver assim? Pelo nosso amor, sim. Sei que você também. As nossas cartas nos machucam e fazem reavivar fatos longínquos, passados das manhãs bonitas. Não quero reavivá-las e passar noites tristes chorando. Não anseio também as tuas lágrimas; concentre-se nestes campos que minam os nossos corações, que aniquilam verdades, contudo que te farão sobreviver. Confio no vento para dissipar as minhas vontades, os meus desejos, a minha fé, o meu alento, o meu sorriso, as nossas vidas...
Estarei esperando-te na manhã mais bonita, com todas as cores da aquarela em meus olhos. Sei que em breve nos reencontraremos e então, espero que nunca mais a distância irrompa os nossos traçados. Você é os meus sonhos de adolescência, o pedido que fiz à fada-madrinha, a minha constelação maior, o meu completar, a minha razão. Desculpe-me, amor.
Eu ainda amo nós.
Eu amo você, John.
Com carinho, a garota das roupas roxas.

Entrelinhas: o texto fora composto por fragmentos já existentes de partes melosas que falavam de amor (um platônico, em especial) e sobre outros fragmentos à respeito do meu John, que foi retirado do livro "Querido John." (:

Comentários

Érica Ferro disse…
Ai, Gabi! *------*
Tenho medo de dizer qualquer coisa, porque esse texto tá tão bonito, tão LINDO, tão INCRÍVEL, tão... romântico!

Ai, eu não sei. Não sei mesmo o que dizer.
Você escreve e me tira as palavras da boca ao te ler.
Ah, cara!
Sou tua fã, sou mesmo. Muito sua fã.

Beijo pra ti.
[♥...]
Kah. Milloti disse…
Amiga, que delícia retornamos ao nosso doce talento juntas. Que bom saber que além de eu ter retornado a escrever, poderei também desfrutar das suas encatadoras e extraordinárias palavras. Olha, confesso que agora senti o coração palpitar mais forte. Se o filme, e o livro já são encantadores e apaixonantes, com os acréscimos de suas palavras ficou ainda mais interessante. Adorei, pena que no meio de tudo isso, talvez você esteja triste pelo seu amor, que como disse você é platônico né querida? Mas tudo a vida resolve, se não resolver a gente escreve, quem sabe é menos agoniante. Beijos
Mari. disse…
Gabi, fofíssima!! Quanto tempo, hein... Mas tbm, faz tempo que vc não posta nada... A gente adora seus texto, mulher. Não somoe não.

** E puxa, puxa, puxa, tô lendo exatamente este livro. É a coisa mais linda do mundo. Você transcreveu perfeitamente o quão dolorosa é a saudade.

Beijo!
Anônimo disse…
Gabii....nem seii oq dizer de seus textos....São simplesmente INCRIVEIS
Bjooos Thayná *-*