Coisa financeira chata


Chego ao escritório e digito essas três palavrinhas rapidamente, só que tal velocidade contradiz o modo de como elas aparecem no monitor. Há séculos imploro para que o troquem e tenham misericórdia para com a minha gentil pessoa. Convenhamos, em pleno século XXI usar um computador com tamanho suficiente para ocupar nove caixas enfileiradas de leite é absurdo, não? Sem contar na perda catastrófica que ele sofre com as tartarugas gestantes na corrida do milênio.
Sinceramente, diga-me se está com vontade de falar sobre negócios. Estou esperando a sua resposta, não se esqueça de que estamos debatendo sobre a bolsa de valores - sim, ela mesma. Pareço uma louca conversando com os meus próprios interlocutores. Admita, conheço magnificamente bem a verdade que me assola. Ausente de aleatoriedades e distrações irei iniciar o meu (in)digno trabalho e dar-lhe-ei o melhor, não se trata de promessas internas e algo afim, a questão é sobre obrigatoriedades e sei muito bem as minhas... ou pelo menos convenço-me de que as tenho em mente.
Falando nisso, esqueci de fazer a tese sobre rendimento anual! E É PARA AMANHÃ, droga. Sinto que estou tendo convulsões, arritmia, coração pulando e cérebro em crise. Cérebro? Não, nem sei mais o que é isso...
Alguém grite que estou sonhando, não que estou tendo um pesadelo e que hoje é feriado. Sim, feriado. Para soar mais leve, convença-me de que amanhã é natal e, portanto, tenho três dias in-tei-ros de folga, segundo o meu contrato. Isto sei bem: os meus direitos de funcionária escrava. É, a nova escravidão que virou moda. Cadê a nossa abolição, proletários do mundo?
1, 2, 3, 4, 5 e se... is. Estou perdida! Não. Conte até sete, os astros conspiram ao seu favor, basta ter muita calma e paciência. 1, 2, 3, 4, 5, 6, força - força - força. Eu consigo, sou capaz, ainda há tempo. O que são afinal, duas horas de concentração? Equivalem à no mínimo oito horas de distração. 1, 2, 3, 4, 5, 6 e se... sete!
Agora só vou ao banheiro, que fica há poucos metros do meu cubículo e depois voltar irremediavelmente ao trabalho. Irremediavelmente, Serena.

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Seguia eu segundo a tríade do F: firme, forte e fiel. Até que vejo adentrar pelo corredor ele: o George Clooney para as funcionárias antigas, o Matt Damon para as cinéfilas e pessoas normais de plantão, o Cristiano Ronaldo para os apreciadores de futebol e vulgarmente para mim - a miragem divina no deserto, o Apolo grego, a água no ermo, a coca-cola na praia deserta e enfim, o meu desfibrilador de cargas cardíacas.

. Continua.

P.S.: Cristiano Ronaldo é decadência, eu sei.

Comentários

Muito bem escrito, (:
gostei do blog.
Thaís. disse…
Sumimos, né, Gabi?
Espero ansiosa pelo nosso reencontro. Saudades imensas de encontrar, aqui, palavras doces que acalentam o coração.

Beijo.