Ninguém consegue ver


E de repente, os meus olhos buscam... Procuram por algo indizível. Deixo-os percorrerem, vasculharem, fugir num instante e voltarem aflitos por sagaz curiosidade. Aperto as íris, forço os cristalinos. Está vendo? Abruptamente derrama-se a cor branca, a universal cor, em distintas tonalidades. Identifico. Reconheço: são as famosas sete cores do fenômeno pós-chuva e pré-sol. Mas eles se fixam no amarelo e verde.
Amarelo anoso, de alegrias, do crepúsculo daquele entardecer, das vaidades humanas, dos sorrisos espontâneos e da outrora sofreguidão dum árduo viver.
Verde desfeito, já tão desgastado bramir da esperança – do solo da infância: terra, da melancolia do sentir afastar-se e daquele fugitivo brilho no olhar. Verde encrespado. Verde fé. Verde refúgio meu. Verde desolação nossa. Verde mãe natureza e o que não mais terei. Verde que as proles futuras não verão.
E estranhamente me afasto. Os meus olhos captam imagens longínquas. Não sei dizer, é noite. Luar sem estrelas, bramidos estridentes, lágrimas sem sal... Lágrimas que não conseguem definirem-se, lágrimas que secam antes de respingarem-se. O nada é tudo, o que ao menos restou. A solidão é amor. A companhia é desalento - na visão ilusória dos que vivem pela imaginação de um existir ausente da dor. Eram humanos e hoje não se especificam mais. Os olhares dizem mil palavras cravadas no âmago, todavia as bocas se silenciam, as expressões de afeto foram deixadas de lado, à medida que o tempo passou a ser, indubitavelmente, sinônimo de dinheiro.
O Planeta Terra roda e leva com ele o vapor industrial, o sublime aroma da fumaça e assim, a rotação se encerra cinza e maçante, como a atual geração. Já não se sabe mais quem é máquina ou homem. Contudo, ambos são nação.
E cansada repenso naquela vertigem. Repensemos.

Entrelinhas: sabe quando você tem um devaneio e parece que um filme passa em sua mente? Então, foi uma tentativa um pouco frustrada de descrever isso.
O blogspot deve ter uma rixa muito forte aqui, porque ele só entra quando quer e o engraçado, só de manhã. D:

Comentários

B disse…
Gostei do seu texto, diferente de muita coisa que já li.
Gostei do seu blog tbm, lindo! *-*
Bjooss
Querendo ou não somos todos nação,não importa máquina ou homem,mas é ai então que entra a questão pra que tudo isso?somos todos tão assim dependentes das máquinas sendo que o que chama nossa atenção é simplesmente algo feito narutalmente,feito assim do nada,sendo feito apenas da natureza assim como 7 cores lançadasno céu.

Também gostei muito do seu blog.
Muito obrigada pela visita e volte sempre ^^

beijo.
Érica Ferro disse…
Somos homens maquinados.

Choremos, pois.

Gabi, o blogger acha que tu és preguiçosa, não acorda cedo e tudo o mais... Resolveu te pregar uma peça, então.
Veja que safado!
Mas tu foste mais esperta do que ele, hehe.
Fizeste uma postagem no vacilo que ele deu, ótimo!

Seus textos são sempre ótimos, sempre.
És uma escritora de verdade, 'profissional', eu diria.

Ah, você é uma querida e eu já agradeci POR TUDO o que me fizeste, todos os conselhos e todo o carinho.

De ti eu não hei de esquecer, viu?

Beijo.
Mariana Andrade. disse…
é sonho, e sonho tem cor de arco-iris. tem cheiro de resto de chuva. tem sensação de dejavú no fundo d'alma, sendo só vontade de vivê-lo.
e teu texto é belo, muito belo.
H L disse…
'são as famosas sete cores do fenômeno pós-chuva e pré-sol. '

é lindo, não éh?!
*___*
Chris disse…
ficou legal. Pelo menos é o que eu acho.