Indi.gente


Aquela terra era habitada por criaturas ausentes de distinção categórica, colorida e de diversos aspectos. Porque aquele pedaço de chão era jazido por seres cujo coração havia parado, os que nasceram nus e abriram os olhos do mesmo modo. Não haviam mais promessas de fim de ano, xingamentos, blasfêmias, sorrisos puros, dignidade humana, corrupção alheia ou sentimentos. Não eram pronunciadas palavras de socorro ou pedidos piedosos: tudo ficara abaixo do solo e nem os seus nomes eram mais lembrados. Os gritos de guerra negados por uma tarde de sono permaneceram no travesseiro das quimeras inexistentes, o choro por uma refeição fez companhia à fome insaciável dos indivíduos ausentes do que é viver, o cantar com a banda preferida silenciou as vontades da alma e fez morada com o baú dos desejos, as brigas enamoraram-se com o mau-humor, a felicidade entreabriu as janelas semi-escuras pela noite, o silenciar foi imortal e a dor inevitável. Mas sabe-se que foram emoções, absolutamente cada parte que tivera oxigênio sendo aspirado. Quando liberadas pelo ar, ainda podem tocar seres cujos olhos vivem e dizem, por detrás dos brilhosos globos oculares.
Aquele pedacinho de chão não era habitado; ainda é, pois que a efemeridade da vida não amolece e sim esquece velhos corações apagados pela chama vívida. Apenas raríssimos conseguem ser lembrados após o piscar no cruzar da linha, apenas. Carece-se de fazer o melhor, para que a calmaria do esforço se alente ao borbulhar da consciência e faça morada junto à geral presença.

Comentários

Érica Ferro disse…
Carece-se de fazer o melhor, para que a calmaria do esforço se alente ao borbulhar da consciência e faça morada junto à geral presença.

Fico boba ao ler um texto seu, de verdade.
Tanta poesia e emoção num lugar só, Deus do céu!

Esse lindo texto me fez lembrar de uma música dos Los hermanos:
Faço o melhor que sou capaz, só pra viver em paz...♫

Linda postagem a de hoje, como todas as que tu escreves.

Beijo, Gabi. ♥
Marcelo Mayer disse…
e naquele pedacinho que me encontro sempre. lá me encontro e lá eu morro.

ótimo!!!!

obrigado pela visita em meu blog e realmente, los hermanos se encaixa bem aqui.
Anônimo disse…
Lá é o paraíso, fato. Eu me impressiono muito com você, sério. Você escreve muito bem, me deixa com vontade de nunca parar de ler.
ai gabi,
como sempre me comovendo com sues textos...
quando crescer quero ser igual a você para poder escrever textos tão maravilhosos, mágicos e profundos como os seus.
ai se os meus chegassem aos pés dos seus...

bjos rê s2
Luna disse…
é...hum...é...

vc só tem mesmo 16 primaveras?
e tem tudo isso nesa cabeçinha?

ai, quero ser vc quando crescer.opá, já cresci.quero voltar então.rs.

Comofas pra ter um blog lindo assim, e pra escrever com essa fofura de alma?

Beijos flor.
Anônimo disse…
"o silenciar foi imortal e a dor inevitável."
Nossa, muuuuito perfeito! demais! Sem palavras, totalmente!
ameei seu blog!



Beeijos!
Marcus Malta disse…
Uau, sem palavras, sério não sei o que comentar. Acho que se eu falar que o texto ta perfeito não vai ser suficiente vai? rs pra mim não.

Adorei sua forma de escrever,confesso que passei aqui por acaso e não me arrependi do que vi e li.

Beijos
Thaís. disse…
Aquele pedacinho de chão não era habitado; ainda é, pois que a efemeridade da vida não amolece e sim esquece velhos corações apagados pela chama vívida.

Permita-me, Gabi: Você foi perfeita, aqui.
E obrigada pelo comentário simpático, sim?

Toma um beijo.
H L disse…
existem textos que às vezes me pergunto como o autor conseguiu criar, devido a tamanha beleza!
o teu foi um desses.
parabéns.
lindo
Mariana disse…
Há dias silencio-me. Pensamento algum há.Aqui jaz uma alma morta e sem esperança. Talvez seja indi.gente do medo...
Talvez.... Talvez...