Vestígios benéficos para a população

Cansada e decepcionada com a televisão brasileira, principalmente a aberta, resolvi apertar o botão “off” deste aparelho doméstico dissipador de maus hábitos e índole. Perderam-se os valores, acabou-se com a decência e a moral. Programas inúteis são vinculados diariamente, destinados para milhões de jovens, adultos e idosos, aparentemente sem a menor percepção de crítica. É óbvio que há exceções, felizmente. Há um tempo remoto, enquanto eu estava assistindo vitrine no canal cultura, vi a propaganda de uma série que prometia mudar esse parâmetro. Nem se passou pela minha cabeça, que a estréia iria garantir enriquecimento aliado ao entretenimento para os telespectadores. Admito que pude conciliar algumas das minhas paixões assistindo ''Tudo que é sólido pode Derreter’’, englobando dentre essas: a literatura, os livros (por meio deles ocorre a elaboração do enredo, baseado nas confusões de uma adolescente, convivendo com a leitura e fazendo dela uma abertura enorme para os frutos da sua imaginação misturados com o seu próprio viver), músicas sinônimas da melhor sonoridade típica brasileira e acontecimentos intrigantes e comuns na vida de uma jovem estudante, onde os hormônios ferventes fazem os conflitos acontecerem com extrema facilidade.
Todavia, é impressionante como tudo tem que ter o seu próprio final. Ao saber que essa série iria ter o seu, me senti brevemente desamparada e um pouco triste. Não queria acreditar que as minhas companhias fiéis de todas as sextas-feiras abandonar-me-iam, é demasiadamente lastimável o fato de o governo não investir em meios rentáveis quanto à intelectualidade brasileira. É preocupante como “reality shows” recebem a aderência de milhões de cidadãos e pior ainda é o rendimento que eles possuem durante uma só noite num país que por fome morre (foi constatado que por meio do “paredão” da edição 09, a companhia Globo arrecadou mais de um milhão de reais). Revolto-me quando vejo dinheiro sendo de nós roubado, a população deste país. Não vos digo pouco, trata-se de enormes perdas, as quais evidentes investimentos poderiam ser concretizados se a ética houvesse. Preocupo-me muito, este ano poderei votar e só o medo faz morada. O ser humano se diz racional, todavia de tal característica não vejo demonstração. A famosa pátria tropical só é elogiada por beleza, futebol e outros fatores que não me cabe citá-los. O que fizemos de nós, Brasil?

Créditos: aqui.

Comentários

Kah. Milloti disse…
uaal, que texto.. Você escreve muito bem. Realmente é muito triste ver como a televisão hoje vive dentro de nossas casas. Crianças já crescem aprendendo o que a televisão quer que eles aprendam, e não o que realmente eles deviam aprender. Beijos
Mari. disse…
Guria, cada dia mais te adimiro... O texto ficou massa... Tô de queixo caído. (Deixa eu adivinhar: vc quer ser jornalista?)

E sobre a TV brasileira: Só tem palhaço pq tem plateia (sem acento?). Enquanto as pessoas acharem que devem gastar seus sacrificados centavos pra tirar uma dondoca ou um filhino de papai qualquer de uma casa IMUNDA, nunca teremos cultura.

A culpa não é da TV, é nossa
¬¬'

Mais uma vez, parabéns pelo texto!!!


Xeroooo
=D
Mari disse…
oi
eu de novo...
Aqui.... tem selinho para você no meu blog
beijo
Otávio Machado disse…
Tipo, concordo com você. Para as pessoas que se divertem com o entretenimento cult, seria uma mão na roda criar enredos e histórias que envolvessem de maneira criativa em uma perspectiva crítica os problemas do mundo contemporâneo. Acontece que, eu sempre bato nesta tecla, o mundo é formado por muitos tipos diferentes de pessoas. Você adora "Tudo que é sólido pode derreter" tanto quanto alguém adora o Big Brother. A diferença é que a maioria das pessoas prefere gastar seu tempo de descanso em frente à televisão não para aprender, mas sim para descansar com a primeira bobagem que aparecer na telinha quadrada. É uma questão de gosto, de opinião. Se bem que pra galera que curte um programa cult, tá faltando incentivo, mesmo.